Quanto menos inocente Sergio Moro for, melhor

Venezuela: Quanto menos inocente Sergio Moro for, melhor

O título da newsletter desta semana faz referência a uma frase do dramaturgo alemão Bertold Brecht: “Quanto mais inocentes eles forem, mais merecem levar um tiro”. Ele proferiu essas palavras ao então amigo Sidney Hook, em Nova York, em 1935, quando os dois falavam sobre os expurgos e assassinatos conduzidos na União Soviética. Algumas das pessoas assassinadas tinham relações com Brecht — traduziram ou publicaram seus livros — o que torna sua declaração mais macabra. (A história foi contada no livro de memórias de Sidney Hook e, no Brasil, no livro ‘Os Intelectuais’, de Paul Johnson)

Mas, a despeito da vida de profunda subserviência aos ideais comunistas, vou dar o benefício da dúvida a Brecht pelo menos neste comentário e dar razão a ele. Vou interpretar da seguinte forma: Em um regime profundamente monstruoso como era o soviético, ser inocente não é uma opção. É preciso conspirar pela sua derrubada o tempo todo, dia e noite. 

E onde entra o ministro da Justiça, Sergio Moro, nesta história? No dia 7 deste mês, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem com ares de denúncia sugerindo que o então juiz incumbido da Lava Jato e a Procuradoria Geral da República trocaram mensagens com procuradores venezuelanos perseguidos pela ditadura de Nicolás Maduro. As supostas mensagens enviadas para os colegas da Venezuela mostrariam como a empreiteira Odebrecht teria pagado propinas a membros do governo Maduro na Suíça. 

Segue um trecho da reportagem:

Os procuradores começaram a debater o assunto na tarde do dia 5 de agosto de 2017, depois que Moro escreveu ao chefe da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram.
 
"Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela", disse o juiz. "Isso está aqui ou na PGR?"
 
Em 2016, quando decidiu colaborar com a Lava Jato, a Odebrecht reconheceu ter pago propina para fazer negócios em 11 países além do Brasil, incluindo a Venezuela, mas as informações fornecidas pela empresa e por seus executivos foram mantidas sob sigilo por determinação do Supremo Tribunal Federal. 
 
O acordo fechado pela Odebrecht, assinado com autoridades brasileiras, dos Estados Unidos e da Suíça, estabelece que as informações só podem ser compartilhadas com investigadores de outros países se eles garantirem que não tomarão medidas contra a empresa e os executivos que se tornaram delatores.

A autenticidade das mensagens vazadas pelo site Intercept já foi questionada pelo ministro Moro e por outros personagens citados pelas reportagens. Admitindo, porém, que sejam verdadeiras neste caso, Moro e os procuradores estão certíssimos em tentar prejudicar o tirânico regime de Maduro. 

Não estamos aqui falando de uma conspiração levada a cabo contra uma democracia. Trata-se de uma ditadura que matou 6.856 pessoas desde o início de 2018 — entre 2015 e junho de 2017 foram mais de 8,2 mil execuções extrajudiciais. A ditadura Maduro possui um presídio político chamado Helicoide onde seus opositores são torturados. De acordo com a organização não-governamental Foro Penal, pelo menos 715 pessoas estão presas por motivos políticos na Venezuela. Estes são apenas alguns dos crimes de Nicolás e companhia.

Aliás, o número de quase sete mil pessoas assassinadas pelo socialismo Madurista não veio da oposição ou dos Estados Unidos de Donald Trump. Quem divulgou a aterradora quantia foi a ex-presidente do Chile, a esquerdista Michelle Bachelet, alta comissária da comissão de direitos humanos da ONU. 

Moro, acreditando-se na reportagem da Folha de S. Paulo, nada tem de inocente nesta história. Ainda bem que não.

Por falar em Intercept

O site alcançou notoriedade com a série Vaza Jato, capitaneado pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald. Mas quem o financia? Nossa reportagem explica quem é Pierre Omidyar, empresário de origem iraniana que ficou bilionário com o Ebay e agora dá dinheiro para uma porção de projetos e instituições progressistas.

Podcast Ideias

Mais uma vez você, que assina a Newsletter Ideias, recebe antes o podcast da semana . O tema desta semana é o cinema nacional. E o editor Paulo Polzonoff trouxe um convidado especial: o roteirista Paulo Cursino, autor de alguns dos maiores sucessos de bilheteria e de audiência na TV, como ‘Até que a Sorte nos Separe’ e ‘Os Farofeiros’. Junto com os colunistas da Gazeta do Povo Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza, Polzonoff e Cursino discutem humor, cinema e política. Imperdível.

Dennis Prager

O grande colunista conservador americano também está aqui. Em artigo publicado no National Review, nosso parceiro, ele mostra como o ativismo exagerado fez com que ele, que obviamente estava torcendo pela seleção feminina de futebol dos EUA na Copa do Mundo, pegasse “ranço” do time. E no artigo ele profere uma frase memorável: "a esquerda estraga tudo o que toca". 

Só aqui você lê Dennis Prager, Ben Shapiro, Theodore Dalrymple e outros grandes nomes do conservadorismo em português.

Atenciosamente,
Jones Rossi, editor de Ideias

Comentários