O governo do Acre enviou quatro ônibus com haitianos para o território gaúcho. É a primeira vez que Porto Alegre recebe imigrantes a partir de viagens fretadas pelo poder público. O governo gaúcho alegou não ter sido informado previamente da chegada dos caribenhos. No total, deverão ser oito viagens para a capital gaúcha (passando antes por Rio Branco, Porto Velho, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Florianópolis, onde parte dos haitianos é deixada) e outras 16 viagens até São Paulo. O investimento, fruto de um convênio entre o governo acreano e a União, é de quase R$ 1,2 milhão. Os migrantes caribenhos ingressaram ilegalmente no Brasil e estavam num abrigo em Brasileia (AC). Não houve comunicação oficial ao governo do RS a respeito, enquanto era feito o encaminhamento. Só depois de uma semana de insistência é que a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) confirmou a chegada dos estrangeiros. Novos imigrantes mudam o cenário do Rio Grande do Sul — Nós estamos preparados para recebê-los da forma que vierem, mas gostaríamos de ter sido avisados ao menos do local e da data — afirma o assessor Internacional do governo gaúcho, Fábio Balestro Floriano, que também faz parte do Comitê de Abrigo a Migrantes e Refugiados (Comirat), criado em 2012 para cuidar da onda de migração. O secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirma que foi enviada uma notificação ao governo gaúcho, mas não soube dar detalhes do local e do horário de chegada dos imigrantes. Para ele, o governo acreano está cumprindo o seu papel de receber e encaminhar os estrangeiros. — O Acre é só uma porta de entrada. Eles não vêm para o Brasil para ficar no Acre, todos sabemos disso. A maioria quer ir para o Sul, onde tem grandes obras e indústrias. Mas já que eles chegam por aqui, nós damos toda a assistência necessária, desde atendimento de saúde, três refeições por dia, abrigo e encaminhamento de documentação — reforça Mourão. Sob ameaça de coiotes, como é a viagem dos haitianos até o Brasil Ele acrescenta que o fretamento de ônibus para levar imigrantes é feito há cerca de um ano e meio, mas que mais de 29 mil já passaram pelo Acre desde o final de 2010. — Como eles chegam, nós criamos condições para eles seguirem viagem, encontrar seus familiares que já estão aqui e ocupar a vaga de emprego que é o que mais desejam — conclui o secretário acreano. A possível chegada dos novos haitianos gerou preocupação nos governos estadual e municipal. Nesta terça-feira, foi feita reunião, em caráter de urgência, entre integrantes da Secretaria do Desenvolvimento Social, FGTAS e Secretaria Municipal de Direitos Humanos para pensar estratégias de acolhimento. Não há vagas nos abrigos municipais de Porto Alegre, mas a ideia é solicitar ajuda a alguma escola. Intermediários cobram até R$ 9 mil de ganeses por "ajuda" na viagem O dilema é que os haitianos chegam sem emprego, dizem as autoridades gaúchas. — Eles têm carteira de trabalho, permissão do governo federal para trabalhar, mas não vieram com serviço acertado. Foram mandados para cá e cabe a nós tentar ajudar — desabafa Débora Silva, integrante do Comirat. A vinda dos haitianos gerou uma "saia justa" entre autoridades gaúchas e acreanas. Ouvido por ZH, um especialista em migrações - que costuma buscar abrigo para os estrangeiros - sintetiza o sentimento que tomou conta dos responsáveis por acolhimentos em Porto Alegre. Haitianos tentam reconstruir a vida no Rio Grande do Sul depois de terremoto — O governo do Acre segue repetindo o que fez com São Paulo em abril: lota ônibus e envia sem aviso ou acordo prévio. Os haitianos têm o direito de sair de lá em busca de uma vida digna, mas eles precisam ser recebidos com dignidade aqui e, se soubéssemos com antecedência, poderíamos unir esforços para a acolhida. "Trata-se de um despejo" No total, serão 24 veículos fretados. O valor final do contrato entre as empresas de ônibus e o governo acreano é de é de R$ 1.153.107,20. Uma das maiores especialistas em migrações clandestinas para o Brasil, a professora acreana Letícia Mamed, ligada à USP, define com palavras duras que está acontecendo. — Desde abril o governo do Acre manda ônibus lotados de haitianos para o Sudeste. Agora chegou a vez do Sul. Eles chamam de "transporte de migrantes", mas trata-se de um despejo.
O governo do Acre enviou quatro ônibus com haitianos para o território gaúcho. É a primeira vez que Porto Alegre recebe imigrantes a partir de viagens fretadas pelo poder público. O governo gaúcho alegou não ter sido informado previamente da chegada dos caribenhos.
No total, deverão ser oito viagens para a capital gaúcha (passando antes por Rio Branco, Porto Velho, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Florianópolis, onde parte dos haitianos é deixada) e outras 16 viagens até São Paulo. O investimento, fruto de um convênio entre o governo acreano e a União, é de quase R$ 1,2 milhão.
Os migrantes caribenhos ingressaram ilegalmente no Brasil e estavam num abrigo em Brasileia (AC). Não houve comunicação oficial ao governo do RS a respeito, enquanto era feito o encaminhamento. Só depois de uma semana de insistência é que a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) confirmou a chegada dos estrangeiros.
Novos imigrantes mudam o cenário do Rio Grande do Sul
— Nós estamos preparados para recebê-los da forma que vierem, mas gostaríamos de ter sido avisados ao menos do local e da data — afirma o assessor Internacional do governo gaúcho, Fábio Balestro Floriano, que também faz parte do Comitê de Abrigo a Migrantes e Refugiados (Comirat), criado em 2012 para cuidar da onda de migração.
O secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirma que foi enviada uma notificação ao governo gaúcho, mas não soube dar detalhes do local e do horário de chegada dos imigrantes. Para ele, o governo acreano está cumprindo o seu papel de receber e encaminhar os estrangeiros.
— O Acre é só uma porta de entrada. Eles não vêm para o Brasil para ficar no Acre, todos sabemos disso. A maioria quer ir para o Sul, onde tem grandes obras e indústrias. Mas já que eles chegam por aqui, nós damos toda a assistência necessária, desde atendimento de saúde, três refeições por dia, abrigo e encaminhamento de documentação — reforça Mourão.
Sob ameaça de coiotes, como é a viagem dos haitianos até o Brasil
Ele acrescenta que o fretamento de ônibus para levar imigrantes é feito há cerca de um ano e meio, mas que mais de 29 mil já passaram pelo Acre desde o final de 2010.
— Como eles chegam, nós criamos condições para eles seguirem viagem, encontrar seus familiares que já estão aqui e ocupar a vaga de emprego que é o que mais desejam — conclui o secretário acreano.
A possível chegada dos novos haitianos gerou preocupação nos governos estadual e municipal. Nesta terça-feira, foi feita reunião, em caráter de urgência, entre integrantes da Secretaria do Desenvolvimento Social, FGTAS e Secretaria Municipal de Direitos Humanos para pensar estratégias de acolhimento. Não há vagas nos abrigos municipais de Porto Alegre, mas a ideia é solicitar ajuda a alguma escola.
Intermediários cobram até R$ 9 mil de ganeses por "ajuda" na
viagem
O dilema é que os haitianos chegam sem emprego, dizem as autoridades gaúchas.
— Eles têm carteira de trabalho, permissão do governo federal para trabalhar, mas não vieram com serviço acertado. Foram mandados para cá e cabe a nós tentar ajudar — desabafa Débora Silva, integrante do Comirat.
A vinda dos haitianos gerou uma "saia justa" entre autoridades gaúchas e acreanas. Ouvido por ZH, um especialista em migrações - que costuma buscar abrigo para os estrangeiros - sintetiza o sentimento que tomou conta dos responsáveis por acolhimentos em Porto Alegre.
Haitianos tentam reconstruir a vida no Rio Grande do Sul depois de
terremoto
— O governo do Acre segue repetindo o que fez com São Paulo em abril: lota ônibus e envia sem aviso ou acordo prévio. Os haitianos têm o direito de sair de lá em busca de uma vida digna, mas eles precisam ser recebidos com dignidade aqui e, se soubéssemos com antecedência, poderíamos unir esforços para a acolhida.
"Trata-se de um despejo"
No total, serão 24 veículos fretados. O valor final do contrato entre as empresas de ônibus e o governo acreano é de é de R$ 1.153.107,20.
Uma das maiores especialistas em migrações clandestinas para o Brasil, a professora acreana Letícia Mamed, ligada à USP, define com palavras duras que está acontecendo.
— Desde abril o governo do Acre manda ônibus lotados de haitianos para o Sudeste. Agora chegou a vez do Sul. Eles chamam de "transporte de migrantes", mas trata-se de um despejo.
No total, deverão ser oito viagens para a capital gaúcha (passando antes por Rio Branco, Porto Velho, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Florianópolis, onde parte dos haitianos é deixada) e outras 16 viagens até São Paulo. O investimento, fruto de um convênio entre o governo acreano e a União, é de quase R$ 1,2 milhão.
Os migrantes caribenhos ingressaram ilegalmente no Brasil e estavam num abrigo em Brasileia (AC). Não houve comunicação oficial ao governo do RS a respeito, enquanto era feito o encaminhamento. Só depois de uma semana de insistência é que a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) confirmou a chegada dos estrangeiros.
Novos imigrantes mudam o cenário do Rio Grande do Sul
— Nós estamos preparados para recebê-los da forma que vierem, mas gostaríamos de ter sido avisados ao menos do local e da data — afirma o assessor Internacional do governo gaúcho, Fábio Balestro Floriano, que também faz parte do Comitê de Abrigo a Migrantes e Refugiados (Comirat), criado em 2012 para cuidar da onda de migração.
O secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirma que foi enviada uma notificação ao governo gaúcho, mas não soube dar detalhes do local e do horário de chegada dos imigrantes. Para ele, o governo acreano está cumprindo o seu papel de receber e encaminhar os estrangeiros.
— O Acre é só uma porta de entrada. Eles não vêm para o Brasil para ficar no Acre, todos sabemos disso. A maioria quer ir para o Sul, onde tem grandes obras e indústrias. Mas já que eles chegam por aqui, nós damos toda a assistência necessária, desde atendimento de saúde, três refeições por dia, abrigo e encaminhamento de documentação — reforça Mourão.
Sob ameaça de coiotes, como é a viagem dos haitianos até o Brasil
Ele acrescenta que o fretamento de ônibus para levar imigrantes é feito há cerca de um ano e meio, mas que mais de 29 mil já passaram pelo Acre desde o final de 2010.
— Como eles chegam, nós criamos condições para eles seguirem viagem, encontrar seus familiares que já estão aqui e ocupar a vaga de emprego que é o que mais desejam — conclui o secretário acreano.
A possível chegada dos novos haitianos gerou preocupação nos governos estadual e municipal. Nesta terça-feira, foi feita reunião, em caráter de urgência, entre integrantes da Secretaria do Desenvolvimento Social, FGTAS e Secretaria Municipal de Direitos Humanos para pensar estratégias de acolhimento. Não há vagas nos abrigos municipais de Porto Alegre, mas a ideia é solicitar ajuda a alguma escola.
Intermediários cobram até R$ 9 mil de ganeses por "ajuda" na
viagem
O dilema é que os haitianos chegam sem emprego, dizem as autoridades gaúchas.
— Eles têm carteira de trabalho, permissão do governo federal para trabalhar, mas não vieram com serviço acertado. Foram mandados para cá e cabe a nós tentar ajudar — desabafa Débora Silva, integrante do Comirat.
A vinda dos haitianos gerou uma "saia justa" entre autoridades gaúchas e acreanas. Ouvido por ZH, um especialista em migrações - que costuma buscar abrigo para os estrangeiros - sintetiza o sentimento que tomou conta dos responsáveis por acolhimentos em Porto Alegre.
Haitianos tentam reconstruir a vida no Rio Grande do Sul depois de
terremoto
— O governo do Acre segue repetindo o que fez com São Paulo em abril: lota ônibus e envia sem aviso ou acordo prévio. Os haitianos têm o direito de sair de lá em busca de uma vida digna, mas eles precisam ser recebidos com dignidade aqui e, se soubéssemos com antecedência, poderíamos unir esforços para a acolhida.
"Trata-se de um despejo"
No total, serão 24 veículos fretados. O valor final do contrato entre as empresas de ônibus e o governo acreano é de é de R$ 1.153.107,20.
Uma das maiores especialistas em migrações clandestinas para o Brasil, a professora acreana Letícia Mamed, ligada à USP, define com palavras duras que está acontecendo.
— Desde abril o governo do Acre manda ônibus lotados de haitianos para o Sudeste. Agora chegou a vez do Sul. Eles chamam de "transporte de migrantes", mas trata-se de um despejo.
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