Briga de gigantes – Do ponto de vista da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a queda dos preços do produto é um verdadeiro problema. Quanto mais baixos, menor é o faturamento de seus países-membros – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Catar, Irã, Nigéria, Líbia, Angola, Argélia, Equador e Venezuela.
Na quinta-feira (27), ministros dos 12 países reúnem-se em Viena para discutir um possível corte na produção de petróleo para barrar a queda de preço do produto.
Há uma explicação simples para o atual preço do petróleo, inferior a 80 dólares por barril (159 litros): a oferta é maior do que a demanda, pois em muitas partes do mundo a economia teve um desempenho mais fraco do que o esperado, resultando numa necessidade menor do combustível fóssil.
Ao mesmo tempo, países como os Estados Unidos, o maior consumidor de energia do mundo, abriram novas fontes de petróleo e aumentaram a oferta. Antigamente inacessíveis, o óleo e gás de camadas rochosas profundas são agora extraídos através da técnica de extração hidráulica denominada “fracking”.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), os Estados Unidos podem, já no próximo ano, produzir mais petróleo do que a Rússia e a Arábia Saudita.
Desde meados do ano, o preço do combustível caiu cerca de 30% – apesar das crises geopolíticas, como o conflito na Ucrânia, as sanções contra a Rússia impostas pelos EUA e a União Europeia, e o fortalecimento da organização terrorista “Estado Islâmico” (EI) na Síria e no Iraque.
Cotas apenas teóricas
Para os países industrializados sem produção própria de petróleo, os preços baixos são uma bênção. Somente na Alemanha, empresas e consumidores privados podem economizar até 35 bilhões de euros no próximo ano, segundo cálculos do banco Unicredit. “Esse montante corresponde a 1% do Produto Interno Bruto”, avalia o economista-chefe do banco na Alemanha, Andreas Rees. “É um forte alívio, que diminui os custos das empresas e aumenta o poder aquisitivo dos consumidores.”
Para os países produtores de petróleo, em contrapartida, preços baixos significam menos receita. Para alguns, inclusive a Rússia, isso significa dificuldades sérias, pois dependem de o preço do petróleo ultrapassar um determinado patamar para conseguir financiar seu orçamento público.
Seria de se esperar que pelo menos os países-membros da OPEP acordasse quanto à redução da extração de petróleo, a fim de reduzir a oferta e, consequentemente, elevar o preço. Atualmente, o cartel coloca oficialmente 30 milhões de barris por dia no mercado – montante que há três anos não é alterado.
No entanto, nem todos os membros se atêm às cotas. Segundo dados da AIE, o cartel extrai, por dia, 500 mil barris a mais do que o acordado. “Desde 1982, ano do lançamento oficial das cotas de produção da OPEP, os países-membros não se ativeram a elas em 96% dos casos”, garante o cientista político Jeff Colgan, da Universidade de Brown, nos EUA. Ele é o autor do livro “Petro-agression: How oil makes war” (Petro-agressão: Como o petróleo gera guerra).
OPEP impotente?
O pesquisador inclusive duvida que a OPEP consiga controlar o preço do petróleo. “A Arábia Saudita provavelmente tem o poder de influenciar um pouco o preço do petróleo, pois graças às suas enormes reservas de produção ela pode aumentar ou diminuir sua oferta, à vontade”, escreveu Colgan num artigo para o jornal americano “The Washington Post”.
“Mas vale ressaltar que ela detém esse poder como país isolado. A OPEP, enquanto organização, não tem qualquer influência adicional. A maioria de seus membros – da Venezuela ao Iraque, passando pela Nigéria – bombeiam seu petróleo o mais rápido possível, sem manter reservas de produção”, explicou Colgan.
Às vésperas da reunião da OPEP na quinta-feira, não havia sinais de que a Arábia Saudita pretendesse reduzir suas cotas de produção. Os motivos da inércia dos sauditas são objeto de especulação: eles querem manter o preço do petróleo baixo, para tornar menos rentável o custoso processo de fraturamento hidráulico dos EUA? Ou apoiam, assim, as sanções dos EUA e da UE contra a Rússia, já que a queda dos preços afeta Moscou com especial rigor?
Segundo Jeff Colgan, neste jogo a OPEP, enquanto organização, é um player insignificante. “O mundo deveria parar de acreditar que a OPEP tem influência sobre os mercados globais de energia. Ela não tem”, sublinha.
O politólogo afirma, ainda, que o forte aumento dos preços do petróleo nos anos anteriores tampouco foi desencadeado pela OPEP, mas sim pela crescente demanda dos países asiáticos. Em 2003, um barril de petróleo bruto do tipo Brent ainda custava 29 dólares, dez anos mais tarde, o preço saltara para 109 dólares.
Na quinta-feira (27), ministros dos 12 países reúnem-se em Viena para discutir um possível corte na produção de petróleo para barrar a queda de preço do produto.
Há uma explicação simples para o atual preço do petróleo, inferior a 80 dólares por barril (159 litros): a oferta é maior do que a demanda, pois em muitas partes do mundo a economia teve um desempenho mais fraco do que o esperado, resultando numa necessidade menor do combustível fóssil.
Ao mesmo tempo, países como os Estados Unidos, o maior consumidor de energia do mundo, abriram novas fontes de petróleo e aumentaram a oferta. Antigamente inacessíveis, o óleo e gás de camadas rochosas profundas são agora extraídos através da técnica de extração hidráulica denominada “fracking”.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), os Estados Unidos podem, já no próximo ano, produzir mais petróleo do que a Rússia e a Arábia Saudita.
Desde meados do ano, o preço do combustível caiu cerca de 30% – apesar das crises geopolíticas, como o conflito na Ucrânia, as sanções contra a Rússia impostas pelos EUA e a União Europeia, e o fortalecimento da organização terrorista “Estado Islâmico” (EI) na Síria e no Iraque.
Cotas apenas teóricas
Para os países industrializados sem produção própria de petróleo, os preços baixos são uma bênção. Somente na Alemanha, empresas e consumidores privados podem economizar até 35 bilhões de euros no próximo ano, segundo cálculos do banco Unicredit. “Esse montante corresponde a 1% do Produto Interno Bruto”, avalia o economista-chefe do banco na Alemanha, Andreas Rees. “É um forte alívio, que diminui os custos das empresas e aumenta o poder aquisitivo dos consumidores.”
Para os países produtores de petróleo, em contrapartida, preços baixos significam menos receita. Para alguns, inclusive a Rússia, isso significa dificuldades sérias, pois dependem de o preço do petróleo ultrapassar um determinado patamar para conseguir financiar seu orçamento público.
Seria de se esperar que pelo menos os países-membros da OPEP acordasse quanto à redução da extração de petróleo, a fim de reduzir a oferta e, consequentemente, elevar o preço. Atualmente, o cartel coloca oficialmente 30 milhões de barris por dia no mercado – montante que há três anos não é alterado.
No entanto, nem todos os membros se atêm às cotas. Segundo dados da AIE, o cartel extrai, por dia, 500 mil barris a mais do que o acordado. “Desde 1982, ano do lançamento oficial das cotas de produção da OPEP, os países-membros não se ativeram a elas em 96% dos casos”, garante o cientista político Jeff Colgan, da Universidade de Brown, nos EUA. Ele é o autor do livro “Petro-agression: How oil makes war” (Petro-agressão: Como o petróleo gera guerra).
OPEP impotente?
O pesquisador inclusive duvida que a OPEP consiga controlar o preço do petróleo. “A Arábia Saudita provavelmente tem o poder de influenciar um pouco o preço do petróleo, pois graças às suas enormes reservas de produção ela pode aumentar ou diminuir sua oferta, à vontade”, escreveu Colgan num artigo para o jornal americano “The Washington Post”.
“Mas vale ressaltar que ela detém esse poder como país isolado. A OPEP, enquanto organização, não tem qualquer influência adicional. A maioria de seus membros – da Venezuela ao Iraque, passando pela Nigéria – bombeiam seu petróleo o mais rápido possível, sem manter reservas de produção”, explicou Colgan.
Às vésperas da reunião da OPEP na quinta-feira, não havia sinais de que a Arábia Saudita pretendesse reduzir suas cotas de produção. Os motivos da inércia dos sauditas são objeto de especulação: eles querem manter o preço do petróleo baixo, para tornar menos rentável o custoso processo de fraturamento hidráulico dos EUA? Ou apoiam, assim, as sanções dos EUA e da UE contra a Rússia, já que a queda dos preços afeta Moscou com especial rigor?
Segundo Jeff Colgan, neste jogo a OPEP, enquanto organização, é um player insignificante. “O mundo deveria parar de acreditar que a OPEP tem influência sobre os mercados globais de energia. Ela não tem”, sublinha.
O politólogo afirma, ainda, que o forte aumento dos preços do petróleo nos anos anteriores tampouco foi desencadeado pela OPEP, mas sim pela crescente demanda dos países asiáticos. Em 2003, um barril de petróleo bruto do tipo Brent ainda custava 29 dólares, dez anos mais tarde, o preço saltara para 109 dólares.
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