Juiz devolve Medalha da Inconfidência por causa de Stédile


z aposentado, Mozart Hamilton Bueno, 74 anos, devolveu esta semana, pelo correio, a Medalha da Inconfidência que recebeu do Governo de Minas Gerais no ano de 1982. Em uma carta aberta, o magistrado conta que o motivo que o levou enviar o presente de volta foi a homenagem feita igualmente a João Pedro Stédile, líder do Movimento Sem Terra (MST) na última terça-feira (21) pelo governador mineiro Fernando Pimentel.
 Foto: Governo de Minas / Divulgação
A medalha da Inconfidência é uma comenda oferecida pelo Governo de Minas Gerais durante as comemorações no dia de Tiradentes
Foto: Governo de Minas / Divulgação
No documento, Bueno classificou Stédile como “invasor de propriedades alheias, de incentivador da desobediência civil, da liderança de insurrectos e como comandante de um exército ilegal e nocivo à segurança nacional”. Em outro trecho trecho, pede desculpas ao atual chefe do executivo de Minas e diz que a medalha, a passadeira e o diploma, entregues a ele pelo ex-governador Francelino Pereira dos Santos, seguirão via postal.
“Não me julgo superior a esse senhor Stédile, mas a minha modesta biografia, a minha devoção ao meu Estado natal, - berço e sacrário da nossa liberdade - recomendam-me não aceitar esse nivelamento, razão pela qual e por imperativo da minha formação cívica, renuncio ao galardão, com pesar, é verdade, mas convicto de que faço o que dita minha consciência”, escreveu.
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Juiz Hamilton devolveu pelo correio sua medalha após saber que o Governo concedeu a comenda ao líder do MST
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Terra entrou em contato com o magistrado que vive hoje em Brasília. Por telefone, ele disse que “dói ter que devolver a comenda, mas mais dolorido seria permanecer com ela”. Ele contou também que a própria lei que criou a medalha concorda que, para merecê-la, o homenageado deve ter prestado relevante serviço ao estado de Minas Gerais ou ao Brasil. “Eu te pergunto, esse cidadão Stédile fez o que por Minas? E pelo Brasil?”, questionou.
O juiz foi diretor do Colégio Tiradentes da Polícia Militar em Barbacena-MG durante sete anos, período em que conseguiu transformar a instituição em modelo para o restante do estado. Só dentro da própria Polícia Militar somou 28 anos de trabalho, tempo interrompido apenas quando foi aprovado no concurso para magistratura em Rondônia em 1985. No estado atuou por dez anos, até se aposentar e se mudar para a capital federal.

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