MST ou braço armado do petê !

MST invade prédios públicos em todo país

Pelo menos oito prédios da Fazenda foram invadidos ontem por integrantes do MST em todo o país

Da Reportagem

Oito representações do Ministério da Fazenda foram invadidas ontem por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

As ações - em Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba e Rondônia- fazem parte da chamada Jornada de Lutas, que incluiu várias manifestações em todo o país, com invasões de terras, bloqueios de estradas e vigílias.

Em Maceió (AL), a sede da delegacia do ministério foi invadida à tarde por cerca de 1.200 sem-terra. Segundo a Polícia Militar, os manifestantes quebraram vidraças, houve tiroteio e um sem-terra ficou ferido.

«Estamos apurando de onde saíram os disparos. Os integrantes do MST estavam armados com foices, facões e espingardas», afirmou o capitão Luiz Fidélis Torres, do Centro de Operações Especiais da PM.

Em Mato Grosso, pelo menos 600 pessoas, segundo a PM (o MST fala em 1.500), invadiram de manhã a sede da delegacia da Receita Federal, em Cuiabá.

Durante a invasão, os sem-terra quebraram uma porta de vidro, na entrada do prédio. Ninguém saiu ferido. A coordenadora do MST em Cuiabá, Itelvina Masioli, 36, disse que os invasores vão permanecer no local por tempo indeterminado.

A superintendência regional do Incra em Cuiabá não funciona desde o dia 20 de março passado, quando foi invadido por cerca de 400 pessoas.

A situação também foi tensa em Recife, onde grupos de sem-terra de várias regiões de Pernambuco invadiram o prédio do Ministério da Fazenda. No final da tarde, o juiz federal Francisco de Queiroz Bezerra concedeu liminar à ação de reintegração de posse do local.

Armados com pedaços de pau, foices e enxadas, os sem-terra prometeram reagir à ação de desocupação.

O policiamento na área estava sendo feito por 150 homens do Batalhão de Choque da PM, 50 da cavalaria, 40 da Rádio Patrulha e mais 25 do Batalhão da Polícia de Trânsito. A luz e a água do local foram cortadas.

Em Mato Grosso do Sul, 400 sem-terra invadiram o pátio da Receita Federal, em Campo Grande. Não houve tumulto e a polícia apenas acompanhou o protesto.

Os sem-terra pretendiam invadir o prédio do Incra, mas uma operação especial da PM fez com que os integrantes do MST mudassem os planos. Vinte soldados da tropa do choque cercaram a sede do órgão logo de manhã.

Duas operações de agricultores e sem-terra bloquearam a entrada de prédios públicos em Porto Alegre. Pelo menos mil integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram os pátios dos prédio do Ministério da Fazenda e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), e cerca de 2.000 pequenos agricultores impediram o acesso à entrada do prédio do Banco Central, no centro da capital gaúcha.

No final da tarde, a Justiça Federal concedeu liminar determinando reintegração de posse dos prédios invadidos.

Em Minas Gerais, a invasão do prédio da Receita Federal, no centro de Belo Horizonte, foi pacífica. Os manifestantes, cerca de 350 pessoas, prometem ficar no prédio até que as reivindicações da entidade sejam atendidas.

Cerca de 250 sem-terra invadiram o prédio da Receita Federal, em Porto Velho (RO), na manhã de ontem. Nas últimas semanas, de acordo com a PM, os integrantes do MST estavam alojados na sede do Incra na cidade. Os funcionários do órgão trabalharam normalmente.

Em João Pessoa (PB), pelo menos 250 sem-terra tomaram o prédio do Ministério da Fazenda. Não houve confrontos e a Polícia Federal tentava negociar com os manifestantes.

Em Porto Velho (RO), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Imperatriz (MA), Natal (RN), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC) os manifestantes fizeram protestos pelas ruas e ficaram em vigília em frente a prédios públicos. Em nenhum desses locais houve confronto.

O prédio do Incra foi invadido de forma pacífica em Aracaju (SE). Em Teresina (PI) o MST afirma ter tomado por algumas horas a Secretaria Estadual da Fazenda. A PM não confirmou a ação.

Bloqueios - Trabalhadores rurais ligados à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) fecharam ontem, no final da manhã, a rodovia PA-150 no km 20, próximo ao trevo de Abaetetuba, no Pará. O bloqueio faz parte das manifestações do «Grito Amazônia 2000».

Anteontem, integrantes da Fetagri fecharam a rodovia Santarém-Cuiabá, próximo à Transamazônica, em Itaituba (1.500 km a oeste de Belém).

Também houve protestos em Marabá e em Santa Isabel do Pará.

Segundo o presidente da Fetagri, Airton Faleiro, as negociações estão lentas e há possibilidade de novos bloqueios de estrada.

No Acre, cerca de 800 agricultores tentaram invadir a sede do Banco da Amazônia. Uma comissão com 30 manifestantes foi chamada para negociar e não houve confrontos. Os trabalhadores exigem redução das dívidas que contraíram com o banco.

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