Operação déjá vu da Polícia Federal prende diretor dos Correios

Diretor Comercial dos Correios, Samir de Castro Hatem, é preso junto com outras 16 pessoas por formação de quadrilha e fraude em licitações para favorecer agências franqueadas
Na última sexta-feira, uma investigação da Polícia Federal resultou na prisão temporária de 17 pessoas, entre as quais se encontra o atual diretor Comercial da ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Samir de Castro Hatem. A operação, apelidada de déjá vu, que remete aos casos de reincidência de escândalos de corrupção na estatal, interceptou e-mails de funcionários (pessoas ligadas a Hatem) e proprietários de agências franqueadas onde se trocavam informações sobre licitações e contratos de grandes clientes.

O objetivo da quadrilha era favorecer empresários nas licitações de compra de materiais e transferir contratos de grandes clientes dos Correios para as agências franqueadas, que são postos terceirizados, geralmente comandados por mafiosos e pessoas que são beneficiadas com a concessão do serviço mediante estreitas ligações com o alta cúpula dirigente da ECT.

Há cerca de quatro meses atrás, o diretor regional dos Correios de São Paulo, Marco Antonio Vieira da Silva, já havia sido afastado de seu cargo por conta das denúncias de favorecimento de “amigos” nos contratos de agências franqueadas. Na ocasião, Marco Antônio foi flagrado em conversa telefônica fazendo negociatas com Carlos Eduardo Fioravante Costa, então segundo homem do Ministério das Comunicações, pasta dirigida pelo PMDB, através da figura de Hélio Costa.

Pouco antes, em 2005, a estatal virou manchete dos principais jornais que exibiam o ex-chefe de Contratação de Adminstração de Material, Maurício Marinho, cargo de confiança do PTB na empresa, recebendo propina para o favorecimento de licitações. O escândalo resultou na instauração de uma CPI e na denúncia de uma enorme rede de corrupção e desvio de verbas, que envolvia diversos segmentos da administração pública e inúmeros parlamentares daBASE aliada do governo do PT que recebiam o chamado “mensalão” em troca do voto aos projetos do governo Lula no congresso nacional.

Obviamente, a prisão Samir de Castro Hatem, que assim como os demais envolvidos nos esquemas de fraude e corrupção nos Correios, também foi indicado como pessoa de confiança de partidos da burguesia, como o PMDB de Romero Jucá (líder do governo no Senado), para ocupar cargo de direção na empresa, em nada vai acabar com essa verdadeira sangria do patrimônio público que é realizada de maneira sistemática pelos partidos do governo, verdadeiros parasitas do esforço dos ecetistas.

Todo mundo sabe que a alta cúpula da empresa rapidamente é solta e, inclusive, volta para a empresa como aconteceu com Roberto Marinho, com os diretores regionais de Minas Gerais, do Amazonas e de diversos Estados, os quais foram afastados através de escândalos de corrupção, que provocaram prejuízos milionários na empresa e, passado o vendaval, se acertaram com o governo voltando novamente para a empresa, é o famoso cair para cima.

Enquanto os mais de 100 mil trabalhadores comem o pão que o diabo amassou na empresa, com excesso de trabalho, doenças profissionais pela total falta de condições de trabalho a direção da ECT esvazia os cofres da empresa nas mais escandalosas negociatas para favorecer os amigos. Por isso a Corrente Ecetistas em Luta vem fazendo campanha há anos pelo fim dos cargos de confiança indicados de acordo com os interesses dos partidos que estão à frente do governo.

Queremos a eleição pelos trabalhadores de todos os cargos de chefia para acabar com os crimes de colarinho branco que desviam milhões de reais para a escória que mama no governo e no congresso nacional enquanto os trabalhadores vivem na miséria e doentes.

As fraudes das contas da empresa, segundo a própria Polícia Federal, podem chegar a 30 milhões por ano, levando-se em consideração apenas a atividade desta última quadrilha, comandada por Hatem. Essa quantia, que é fartamente distribuída por acordos de bastidores entre meia dúzia de indivíduos, foi retirada diretamente dos salários dos trabalhadores carteiros, OTT´s, motoristas, atendentes comerciais etc., como pode se ver no miserável acordo de 7,37% assinado pelo Bando dos Quatro da Fentect (PT-PCdoB-PSTU-Psol) em jantares na casa do diretor de recursos humanos da empresa.

Esses são acordos também assinados contra a vontade dos trabalhadores, acertados em reuniões as escondidas, como foi anunciado pela própria imprensa capitalista ISTO É, que na edição da ultima semana elogia o método utilizado pelos negociadores da empresa de oferecer jantares íntimos aos sindicalistas do Bando dos Quatro para discutir “em tom mais ameno” o acordo coletivo.

Em oposição a política do “toma lá, dá cá” da alta cúpula da direção da empresa e do governo Lula, que utiliza os mesmos métodos de favorecimento e corrupção com cargos e privilégios a burocracia dos sindicatos para trair os trabalhadores dos Correios nas campanhas salariais, toda a categoria deve exigir a eleição direta para todos os cargos de comando da empresa, de chefe de setor a presidente, com mandatos revogáveis e sob o controle dos próprios trabalhadores.

Apenas dessa maneira é que os trabalhadores dos Correios podem efetivamente assumir a direção da empresa e garantir que os recursos gerados pelo seu trabalho, não sejam desperdiçados em caixa dois eleitoral, mesada para parlamentares corruptos ou para salvar grandes       capitalistas e banqueiros que estão a beira da falência.

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